Prefeitura Municipal de Rolândia
A primeira e segunda fase, direcionadas ao trabalho interno dos municípios, tiveram como destaques os trabalhos de três alunos de Rolândia. Os premiados foram: Poema “Rolândia doce emoção”, de Natália Alves de Souza, do 5º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Maria do Carmo; Memórias “Doces lembranças”, de Emanuelle Pyus Mattos, do 8 º ano da Escola Estadual Souza Naves; e Crônica “Tempo”, de Rônei Pereira Rodrigues, do 9º ano da Escola Estadual Souza Naves.
A secretária de Educação do município, Rosane Benazi, e a gerente do Ensino Fundamental, Fabiana Fernanda Steingenberger, afirmam que a terceira etapa, de 25 de setembro a 10 de outubro, é o período que a Comissão Julgadora Estadual estará selecionando os textos dos alunos nomeados e enviados pela comissão de cada município, para então concorrerem como melhor do Estado e, na sequência, o melhor do Brasil.
“O objetivo é aprofundar conhecimentos com a realidade”, afirma Rosane Benazzi. Confira, abaixo, os três trabalhos premiados.
“Rolândia, doce emoção”
Aluna: Natália Alves de Souza
Rolândia, cidade da esperança
Minha pequena Alemanha
Que o progresso acompanha
Iluminando o futuro de toda criança.
Povo que levanta cedo,
Vai para o trabalho sem medo
Acompanha o giro do sol, desde o amanhecer
Só para ao entardecer.
Cidade que une povos
Alemães, japoneses, portugueses, italianos...
Gente de bom coração
Que trabalha em favor da nação.
Outubro, tempo de Oktoberfest
Espalhando cultura e tradição
Vejo todo o nosso povo
Compartilhando a união.
Com o cair da noite, vem o luar
Brincar, dormir, festejar,
Olhando as estrelas, fico a pensar
Não quero estar em outro lugar.
Praças, flores, lagos, céu de anil
Amor, carinho, esperança
Berço das crianças
Rolândia, Paraná, Brasil.
Coragem! Venha!
Saia de casa...
Conheça a minha cidade
Faça parte desta felicidade!
“Doces Lembranças”
Aluna: Emanuelle Pyus Mattos
Fui criada em uma cidade do interior, no norte do Paraná, Rolândia, com 60 mil habitantes, atualmente. Em meus tempos de criança, uma cidade calma, tranquila, onde todo mundo se conhecia. Como a cidade era realmente calma, passávamos quase todos os fins de semana com a família, almoçávamos juntos e após o almoço, meus pais e meus tios ficavam conversando enquanto nós brincávamos, sem cessar, até a hora de irmos embora. Todas as datas comemorativas, como Páscoa, Natal também passávamos em família. O Natal era uma grande reunião de família onde todos se fartavam de comida e nós, crianças, enchíamos o lugar de alegria com nossas brincadeiras. Que saudade!
Naquela época, os filhos obedeciam muito os pais e se não obedecessem apanhavam. Bastava uma chamada dizendo para cessar as brincadeiras que todos nós parávamos, pois sabíamos que se não obedecêssemos, apanharíamos. E a escola? Quanto orgulho em poder estudar... Tínhamos aula no período da manhã de quase todas as matérias e Educação física era à tarde. Os professores eram muito rígidos e tínhamos muito respeito por eles. Coitado de nós se o pai recebesse alguma reclamação, apanhávamos muito.
Na rua em que morava, não tinha muitas crianças, então brincávamos minhas irmãs e eu. Em um dia de semana, ficamos sem aula, acordamos cedo, nos vestimos, tomamos café da manhã e fomos para o quintal brincar. Passamos quase a manhã toda brincando de caça ao tesouro. Era uma brincadeira que minhas irmãs gostavam muito, cavávamos buracos com as mãos mesmo, colocávamos os anéis de brinquedo dentro desses buracos, tapávamos e, depois de uns dias, íamos procurar e muitas vezes não conseguíamos achar.
Naquela tarde, após o almoço, fomos brincar na rua. Quando pequena, as ruas da cidade não eram asfaltadas, eram terra batida e não tinha tantos automóveis, por isso não era perigoso brincar na rua. As tardes que passávamos na rua eram muito divertidas, mas aquela tarde em especial foi a mais legal. Estávamos brincando de esconde-esconde e como não tinha muitas árvores na rua, subíamos nelas para nos esconder.
Minha irmã mais nova gostava muito de amora e eu estava escondida em cima do pé de amora. Quando ela me viu, começou a gritar pedindo que eu pegasse amora para ela. Já que tinha me achado, comecei a colher amoras e comê-las também. Minha irmã queria colher amora também, mas ela não conseguia subir, então começou a tacar pedras em mim até que uma me acertou e começou a sangrar.
Me lembro que desci rapidamente e quando cheguei em casa fui direto para o banheiro me limpar. Tomei banho e fui até minha mãe, que me fez um curativo e me deu carinho. Confesso que na hora fiquei muito brava, mas nos dias de hoje acho graça dessa história, entendi a reação da minha irmã, mas a lembrança daquele momento carrego comigo até hoje, na mente a memória e no rosto a minha cicatriz...
“Tempo”
Aluno: Ronei Rodrigues
Hoje, acordando em Rolândia, pequena cidade do norte do Paraná, não consigo acreditar que ela surgiu de uma linha férrea, que a fama da fertilidade da terra roxa espalhou-se, e logo, estrangeiros, mineiros, paulistas, baianos e filhos de imigrantes alemães estavam povoando e construindo nossa cidade.
É verdade, os anos passaram, a vida não é mais a mesma. Nossa cidade cresceu, não depende mais exclusivamente de seus cafezais, temos agora, uma agricultura diversa, temos indústrias e o tempo não parece passar mais tão devagar. A pressa toma conta das pessoas que não percebem os acontecimentos passando diante de seus olhos, são muitos afazeres, trabalho, estudo, passam o tempo ocupados e sentem-se cada vez mais sem tempo.
Quem dera poder voltar aos 6 anos e ter aquela inocência, a maior preocupação era escolher a brincadeira do dia. Dia que passava bem devagar, dava tempo de brincar de várias coisas, até a mãe lembrar que era hora do banho ou da comida. Agora, olhando para rua, observo o tempo frio e nublado da minha cidade, o vento batendo nas árvores solitárias, pessoas passando apressadas para não perderem seus compromissos. Observando melhor, vejo um menino embaixo de uma árvore, protegido do vento, ele está lá, feliz da vida com sua bola, os pés sujos de terra roxa, ensaiando algumas embaixadas.
Essa cena me impressiona, em meio a multidão de ocupados e estressados que precisam chegar no horário em seu trabalho ou escola, o menino continua lá, sua sintonia parece ser outra. Ele e sua bola, um universo totalmente pessoal, a cada quicada da bola percebia-se a emoção no rosto do garoto. Tudo parecia fazer sentido naquele momento, e então percebi, a felicidade não se compra ou se conquista, a felicidade deve ser vivida, assim como a brincadeira do menino com sua bola simples. Simples, simples assim.
| As fotos mostram o pessoal da Educação com a aluna Natália Alves de Souza. |
Última modificação em 01/10/2014
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